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quinta-feira, 23 de abril de 2015

mArCos Photos

O homem da castanha 
                Marcos Fernando
O homem da castanha
Se embrenha na mata
Colhe tantas latas
Em sua vida incauta
O homem da castanha  
Vive na floresta
Nunca fez fortuna
E se acostuma
Com a vida modesta                                                                 O homem da castanha                                                                  Anda pouco na cidade                                                                    Pensa pouco em $                                                                  Quer a felicidade
O homem da castanha                                                                                                      Luta Ama Sonha
                                                                                   

                                                                 

terça-feira, 21 de abril de 2015

pOemAs dO mARcos FERnanDo


A primeira vez que eu vi meu pai bebo
                                                           Marcos Fernando

Foi uma cena triste
Vê aquele homem simples
Cambaleando nas ruas
Sendo motivo de chacotas
E alvo dos cachorros
Ele cai na porta
E minha mãe o puxou pra dentro
Nos pequenos assustados
Não entendíamos nada

Naquele dia morreu a imagem de um herói
e nasceu dentro de mim uma tristeza profunda
Que ainda hoje dói

Aquele homem gigante
Foi ficando bem pequeno...
Até se afogar nas minha lágrimas

Com um gosto de veneno
O homem calado
                                        Marcos Fernando

Meu pai nunca disse que me amava. Meu pai era um homem calado. Sério. De poucas palavras. Daqueles que riem pouco. E riem com os olhos. Raras vezes.
Quando as coisas não estavam boa meu pai ficava em silêncio. No mais profundo silêncio. Quando ele não gostava de uma coisa bastava um olhar silencioso. Os olhos do meu pai eram muito expressivos. Vivos. Latentes. Meu pai enxergava longe. Era um homem de poucas palavras, mau abria a boca para comer. Nunca vi ele manifestar o menor carinho a nada ou a alguém. Quando o meu vô morreu meu pai ficou mais calado ainda. A dor dele era maior. Gigante. Silenciosa . O família toda ficou muito preocupada. A dor do meu pai roubou a cena no velório do meu vô.
Meu pai nunca abraçou minha mãe em publico. Nunca segurou a mão de um dos filhos. Nunca pegou ninguém no colo. Um dia o flagrei observando as pipiras devorarem um mamão em frente a janela do quarto. Quando sentiu-se observado foi lá e fechou a janela. Meu pai era calmo. De gestos sempre serenos. 
Trabalhava feito um burro. Era forte feito um boi. Tinha um olhar de leão.
Aos quatro anos, no dia em que eu parti, um pouco antes enquanto em convulsões eu ardia... Ele se levantou da sua poltrona diante da aflição de minha mãe veio até a porta do quarto olhou-nos impávido. Pegou a bíblia na sala. Abriu no salmo 91 deu as costa e saiu. Essa foi sua maior manifestação de amor.
E eu fechei os olhos em silêncio... 


( Marcos Fernando in  Histórias de um caçador... de histórias !! )