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quinta-feira, 24 de novembro de 2011

QuiLOMbos


Há outros quilombos
Em mim
A fugas inequicíveis
Escrevo na minha memória
As trajetória horríveis
Para que ñ se repitam
Meus ouvidos ainda gritam
Povoado de silêncios

sábado, 19 de novembro de 2011


Atoleiros

Marcos Fernando


Eu andava no barro
Vermelho
Esculpia na argila
Meus passos
No inverno era o inferno grudado
No verão era uma nuvem de pó
Até o dia em que apareceu no meio da estrada o negão estirado

terça-feira, 15 de novembro de 2011

hiStórias NãO iNvEnTaDaS


A prisioneira do queijo-roubado
                                                                 (Marcos Fernando)

Uma tarde dessas  numa gráfica, durante uma chuva torrencial, enquanto aguardava o retorno da energia me pus a conversa com um gráfico. Falando de chuva ele lembrou da alagação, durante o governo Flaviano, quando Rio Branco ficou em estado de calamidade pública. E me contou que ele, jovem na época, fora visitar a casa de uma amiga professora onde havia um quarto lotado de donativos desviado de seu destino: atender os atingidos pela alagação.
Tinha coisa de primeira. E um amigo seu, jornalista, se esbaldava comendo  uns suculentos queijos importados  e  os oferecendo. Ao recusar o jovem era taxado de babaca. Revoltado disparou um discurso inflamado contra aquela situação. Deixou claro, na frente da amiga, que era contra aquele tipo de coisa e que eles devia ser presos.

Anos depois reencontrou a professora já idosa. Ela o pegou pelo braço e disse:

“ Olha, eu não consigo esquecer  até hoje tudo aquilo que você me disse. Já fiz caridade. Virei evangélica, Já pedi perdão, e toda vez que eu vou me deitar dói na minha consciência ”


quarta-feira, 9 de novembro de 2011



Canção do mágico

Abracadabra
e o mundo se acaba
Perlimpim pim
tudo chega ao fim
O grande mágico
e o seu mundo
fantástico
Da sua cartola
coelho e bolas
Das suas Mangas
baralhos e bombas
Bum!!!

(Marcos Fernando in O ultimo espetáculo)

domingo, 6 de novembro de 2011

Crônicas da Ladeira

O gemido das carroças



“Cheguei a contar de trinta ... Quarenta carroças paradas debaixo da mangueira se preparando pra voltar a tarde pela estrada da Fontinele. De manhã não dava pra contar porque elas vinha pra rua muito cedo”
( Francisco Araújo, seu Neném)


Estradas de barro no meio do capinzal. Anuus saltitando em campo aberto. Sol a pino. De longe elas vinham gemendo. Carregadas. Feito velhas beatas murmurando benditos. Eram caixas de madeiras puxadas por bois obesos. Mansos. Lesos. Lerdos. Com nomes próprios. Quase da família. E as carroças eram lentas mas frequentes. Faziam parte do cenário. Entupidas de goma, carvão, mandioca, bananas, galinhas e pessoas. Deixavam veias esculpidas nos chão. Marcas de pneus desenhando destinos. De geração para geração... Famílias inteiras tangendo os bois e estalando chicotes.  Cigarras suicidas se esgoelando. A canção dos gemidos se misturava ao silêncio do vilarejo semi-despovoado. Semi Vivo. Pra curar a dor dos pneus o grafite do carvão. As carroças e seus gemidos perambulavam rua acima rua a baixo. A rua era apenas um rascunho.

(Marcos Fernando, Fragmento do Projeto de Bela – flor a Epitaciolândia)




Quadriculado
           (Marcos Fernando)

Quadri
       Qual lado?
Quadrico
        Um lado?
Quadri
          Colado?
Quadricaiado?
Quadricalado?
Quadrilacrado?
Quadricaalado?
Quadriclonado