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quarta-feira, 25 de julho de 2007

Caçador de histórias

De manhã bem cedo pula da cama
Disca alguns números
Responde e-mails
Fareja fatos
Sente algo no ar
As buzinas stressadas lembram seu chefe
Abre a janela é ver a notícia dando língua no meio da rua
Os jornais
As novelas
A vida
Tudo esta prenhe de pautas
Algumas são vorazes
Devoram quem as pegas
Outras empitbulzadas
Latem por trás das grandes
Às pressas toma um gole de café morno
O café é amargo feito seu salário
Arrumando os cabelos ganha o mundo
A notícia urge
E não pode esperar

sexta-feira, 13 de julho de 2007

Manifesto pela poesia no leite da castanha

Por uma poesia que fale de mim e de você.
Por uma poesia que tenha a estética dos nossos rios
Por uma poesia que tenha a (bio)diversidade de nossa floresta
Por uma poesia que tenha a liberdade dos nossos passarins
Por uma poesia que tenha a solidariedade dos jacamins
Por uma poesia que tenha
O sabor do cupuaçu
A textura do açaí
A resistência da paxiúba
A elasticidade do sernambi
O cheiro do tacacá
Por uma poesia visionária feita o ayuasca
Por uma poesia que ponha a farinha de Cruzeiro no ventilador
Por uma poesia que transborde as nossas dores e os nossos amores, além dos prazeres,
Por uma poesia que tenha o poder da ferrada da Tucandeira
Por uma poesia comprometida com a minha e a tua vida
Por uma poesia que tenha a sedução dos botos e a longevidade do jabuti
Por uma poesia que expresse as nossas dúvidas, as nossas rugas, as nossas arestas e os nossos sorrisos;
Por uma poesia que nos expresse e que vá além de nos mesmos
Por uma poesia que chafurde nossos corações e suba a nossa cabeça assim com os mandins em piracemas sobem os rios para desovar nas cabeceiras do Yaco
Por uma poesia que tenha a fertilidade das nossas praias e a força dos nossos temporais
Por uma poesia que revele
Nossa auto-estima
Nossas novas rimas
Nossos neologismos
Nosso léxico
Nosso lírico
Nossas figuras (inclusive as de linguagem)
Por uma poesia que não seja pasteurizada, ensacada, mas bem sacada, sacana, e até sacaneada.
Por uma poesia que devore\destroce todos os obstáculos tal como um bando de queixadas
Varando as madrugadas.
Por uma poesia que seja feita nos barrancos dos rios, por cima da pausada, assim como os tracajás fazem amor, que tenha a rusticidade dos cipós e a pureza da farinha de Cruzeiro do Sul.
Por uma poesia que tenha a didática do Mapinguary e a fúria do Gogó de sola
Por uma poesia que nos faça lamber os beiços (os nossos e os da pessoa amada)
Por uma poesia que desesconda nossas paixões e nossas paisagens

quinta-feira, 12 de julho de 2007

Ode aos “técnicos” (ou aos tecnicistas)


Os “técnicos” são responsáveis
Pelo céu
Pela lua
Pelas fotos de mulher nua
Pelos orgasmos
Pela masturbação
Pelo barulho da chuva no telhado
Os “ técnicos” são responsáveis
Pelo arco íris
Pelo canto do uirapuru
Pelo chiado do bife fritando na manteiga
Os “técnicos”
São responsáveis
Pelo mel que as abelhas fazem com o seroto do cu do cachorro
Os “técnicos” são a salvação das espécies!

Viva os “técnicos”!!!

A porra da poesia não serve para merda nenhuma!
Se deus não fosse um ótimo ”técnico” ele não teria criado o mundo.


Marcos Fernando - Abril de 2007