
Crônicas do Marcos Fernando
O esgoto são os outros
Parafraseando Jean Paul Sartre que sentenciou o Inferno são os outros, afirmo o esgoto são os outros.
Porque será que na nossa opinião os defeitos dos outros fedem sempre mais que os nossos?
Porque será que consideramos os filhos dos outros sempre mais mal-educados que os nossos ?
Será que o amor é realmento cego?
Costumanos tolerar o mal que há em nós e ser tão cruéis com os males que os outros portam e transportam. Por quê?…
Os esgotos são o resumo de uma civilização. Aquilo que sai de nós nos revela. Os sons, os cheiros…. Os gestos. Os ruídos e os silêncios…
Andando pelas ruas da cidade boliviana de Cobija, no Departmaneto de Pando, me deparei com uma cena bem comum aos brasileiros: o derramento de esgoto nos nossos rios. Disparei um frashe e registrei a cena. Talvez numa espécie de justificativa sileciosa do tipo: Taí, não somos os
únicos a poluir os rios!
Mas adiante o destino, ou mesmo a mão invisível de Deus, me reservou uma surpresa, comovido pelas agitadas barrentas do Rio Acre disparei outro flash e cliquei as palafitas do lado Brasileiro. As palafitas sepeduram na beira dos barrancos como se fossem mães desesperadas tentando agarrar os própios filhos…
Ao chegar em casa e descarregar a máquina no computador tomei um susto: os canos dos esgotos dos casebres na beira do barranco apontavam para o rio como se estivessem a redê-lo. Os canos dos esgotos apontam para o rio como se fossem os revólveres de um bandido, um assassino, que tentar roubar-lhe a vida
Marcos Fernando – Jan\2009